sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O RABO DO CAHORRO

O Conselho Federal de Medicina Veterinária proibiu aos profissionais do país de fazer a amputação da cauda dos cães. O veterinário que amputar a cauda ou as orelhas de um cachorro estará sujeito a processo a ético-profissional. A resolução permite ao Conselho punir com advertência e até cassação do diploma o veterinário que realizar o procedimento.

 A ATITUDE lembra a figura de Alcibíades, um polêmico general e estadista grego – quatrocentos anos antes de Cristo – que mandou cortar os rabos dos cães com o intuito de ser conhecido e comentado pela população. Indo do sucesso ao fracasso, Alcibíades acabou assassinado.

 INICIALMENTE, nada contra os cachorros e outros animais. Passei a infância em companhia de todo o tipo de animais: cães, gatos, terneiros, marrecos... Com respeito acompanhava os pássaros construindo seus ninhos e o primeiro vôo das pequenas e encantadoras aves. São Francisco de Assis, o santo da Fraternidade, é também o padroeiro de todos os animais. Eles fazem parte de imensa cadeia da criação. Em cada criatura, animada ou não, o santo percebia a mão do Criador e cada uma delas tem seu papel no universo.

 HOJE observa-se um fato preocupante. Cresceu o cuidado com os animais e diminuiu drasticamente o cuidado e a preocupação com os seres humanos. Fazem-se leis para proteger os animais e permite-se, pelo aborto, o assassinato de seres humanos indefesos, antes do seu nascimento.

 OUTRA preocupação se direciona ás leis. Criamos milhares de leis e não as observamos. O Brasil tem excelentes leis, mas não são observadas. Quando da Constituinte, que elaborou a Carta Magna de 1988, foi feito um levantamento: existiam mais de 280 mil leis. A mania de legislar continua até hoje. Para cada nova crise, mais leis.

 ESTADISTA do Império, Capistrano de Abreu (1853-1927) imaginou uma Constituição Federal com apenas dois artigos: “Artigo 1º - Todo brasileiro deve ter vergonha na cara. Artigo 2º - Revogam-se as disposições em contrário”. No tempo de Cristo, o judaísmo organizava-se em nada menos de 613 Mandamentos que foram reduzidos por Jesus: “Amar a Deus e amar o próximo”. O apóstolo São Paulo, que passou do legalismo para a lei do amor, garante: “A letra mata, só o Espírito dá a vida” (2 Cor 3,6). 

                                                                  +  Itamar Vian 
                                                          Arcebispo Metropolitano
                                                             di.vianfs@ig.com.br

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