quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

71 anos de saudades de Georgina


"Poetisa, declamadora, musicista, compositora, professora, pianista, natural de Feira de Santana, filha de Camilo de Mello Lima e Leolinda Bacelar de Mello Lima. Nascida em 27 de janeiro de 1893. Recebeu o nome na pia batismal, de Georgina Mello de Lima”.
Assim está escrito nas primeiras linhas do livro lançado pelo professor Carlos Alberto Almeida Mello, em 2007. O relato da história de uma das mais ilustres filhas da terra, com razão especial para ser relembrada nesta quarta-feira (23), data que marca exatos 71 anos de saudades deixadas por ela.
- “Quem é Georgina Erismann sob o olhar de Carlos Alberto?” - Após um sorriso desconcertado, a resposta do professor ao questionamento: "sou suspeito demais para falar, porque me considero um amante da dela".
Ainda assim, as palavras escapoliram dos lábios do grande admirador: “As pessoas sabem que ela é a autora do Hino à Feira e era o que eu sabia. Mas quando comecei as pesquisas para escrever o livro descobri que é muito mais que isso. Georgina via poema em tudo e, através deles, ela identificava Feira. Sua meta era levar Feira ao conhecimento de todo o Brasil”.
- “E conseguiu?” - “Sim, porque ela fazia viagens constantes, participava de muitos movimentos culturais no Rio de Janeiro e era citada em jornais da época, a exemplo de 'O Globo', 'Jornal do Comércio' e 'Jornal do Brasil', além de revistas como a 'Souza Cruz 'e 'Brasil Feminino', que ela era representante na Bahia”.
- “Você acredita que o trabalho de Georgina tem o reconhecimento que merece, pela importância que teve para a cidade?” – “Ela merecia mais pelo que representou e representa. É necessário resgatar figuras ilustres como ela, Edith Gama e Abreu e Celeste de Cerqueira, que fizeram muito por nossa Feira no campo cultural”.
- “E de que forma isso poderia ser feito?” – Bastava que a Lei Orgânica do Município fosse aplicada. Em um de seus artigos consta a obrigação de ensinar a nossa história nas escolas. E os vereadores deveriam fiscalizar o cumprimento das leis, porque eles criam, mas esquecem quem têm obrigação de fiscalizar. Sou apaixonado por minha terra”.

Tentativa frustrada

Em 1939, Georgina Erismann mudou-se para o Rio de Janeiro e lá permaneceu até seus últimos dias. Foi enterrada no Cemitério São João Batista, que pertencente à Santa Casa da capital carioca.
Em outubro de 2009, uma comissão feirense formada por Carlos Mello, Dalvaro Neto, Elsimar Pondé e Reginaldo Tracaja, encaminhou um documento solicitando ao provedor da Santa Casa de Misericórdia de Feira, o médico Outran Borges, que fizesse um pleito junto ao seu colega do Rio de Janeiro no sentido de que os restos mortais da poetisa retornassem àterra natal.
A ideia era fazer o translado antes da inauguração do viaduto que tem o nome da artista feirense. O equipamento foi inaugurado há mais de ano e os restos mortais de Georgina continuam no Rio.
Reginaldo Tracajá explica: “Chegamos a entrar em contato com um enteado dela que mora no Rio, seria o único parente, mas esse procedimento depende de muita grana e não temos dinheiro; precisamos de apoio”. Carlos Mello complementa: “O túmulo lá é bem antigo e já foram enterradas outras pessoas da família, será difícil localizar os ossos dela”. E já que não vieram os restos mortais, Feira fica com as lembranças e a saudade.

Foto: Ilustração do livro "Georgina Erismann", de Carlos Mello.
Texto.Orisa Gomes
orisagomes@blogdafeira.com.br

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