sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Imigrantes indígenas têm de vencer preconceito

Indígenas venezuelanos, da etnia Warao, são acolhidos no abrigo Janokoida, em Pacaraima.

Carismáticos, sorridentes e comunicativos, os indígenas da etnia Warao têm de enfrentar o preconceito, além das dificuldades naturais aos imigrantes. Para a coordenadora do abrigo Janokoida, Socorro Maria Lopes, as restrições aos indígenas vêm da falta de informação.

 “O maior desafio é a má leitura que as pessoas fazem do trabalho do abrigo, a suposição do que acontece aqui, não conhecer realmente nada das culturas, das pessoas da etnia Warao e julgar.”

 Segundo Socorro Lopes, outro desafio em relação aos Warao é identifcar o que eles realmente desejam no Brasil. Diferentemente da maioria dos imigrantes não indígenas, que quer deixar Pacaraima rumo ao interior, entre os indígenas há incerteza.

 Para o coordenador do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) em Pacaraima (RR), Rafael Levy, é necessário compreender a cultura dos Warao para poder ajudá-los.“É um desafio que tem pensar em conjunto com os próprios indígenas, tentar entender melhor quais os objetivos e anseios deles.”

 Levy disse que é preciso definir uma estratégia de governo e a longo prazo. “[É preciso] trabalhar com as autoridades brasileiras para pensar uma estratégia ampla e conjunta do que fazer com a população, onde eles vão ficar, qual a solução a longo prazo. É um plano que tem ser construído com vários atores, porque vai impactar o estado brasileiro, os indígenas e a população local.”

 Força-tarefa

Nesta semana o Acnur fez uma força-tarefa para levantar informações sobre a etnia Warao. O objetivo é emitir carteiras de identificação, definir ações de assistência social e de saúde, assim como mapear as principais necessidades e intenções.

 Rafael Levy, do Acnur, disse que os Warao viviam em canais próximos ao mar, são um etnia “da água” e têm o hábito de morar em comunidades ribeirinhas afastadas de centros urbanos. Também foi observado que muitos dos indígenas ainda mantêm o costume de passar pela fronteira rotineiramente para levar ajuda para os parentes que permaneceram na Venezuela.
Fonte: Agência Brasil

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