quinta-feira, 10 de maio de 2018

Indústria de alimentos na Bahia cresce 16%

Os dados da produção industrial baiana em março indicam que os segmentos de produtos alimentícios, bebidas e veículos seguem alavancando resultados positivos para a economia do estado. Eles cresceram 16%, 8,9% e 10,8%, respectivamente, em março último comparado com igual período de 2017, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 Entre março e abril deste ano, os municípios produtores de soja da região oeste baiana, por exemplo, colheram uma safra recorde, com uma média de 62 sacas por hectare, o equivalente a seis milhões de toneladas de grãos. O melhor resultado apurado pelo segmento no estado até então, segundo a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), ocorreu na safra de 2010 e 2011, quando foi registrada uma média de 56 sacas por hectare.

 Aproximadamente 60% da produção de grãos do estado são exportados para os países asiáticos, enquanto os 40% restantes são comercializados internamente.

 Setor automotivo

 Outro importante resultado no período foi apurado no setor de veículos, que apresentou crescimento de 10,8%. Na avaliação do diretor da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Gustavo Pessoti, o crescimento das vendas de veículos novos em todo o país impulsionou a fabricação das montadoras instaladas na Bahia, sinalizando a retomada do crescimento econômico.

 O setor automotivo, de acordo com Pessoti, tem uma participação importante na receita das exportações baianas, tanto pelos investimentos que realiza quanto pelos empregos que gera. No caso das bebidas, a política de atração de investimentos promovida pelo Governo do Estado, ao longo dos últimos anos, foi determinante para o incremento do setor e o consequente desempenho positivo para a economia baiana.

 No cômputo geral, no entanto, a Bahia registrou queda de 4,5% em março em relação ao mês anterior, reflexo, principalmente, da política federal de descontinuar as atividades na área de petróleo e gás em todo o estado. A situação afeta, diretamente, toda a cadeia produtiva do segmento.

 Pessoti explica que a indústria química e petroquímica ainda representa 50% da atividade industrial baiana. Atualmente, acrescenta o diretor da SEI, as empresas precisam importar a principal matéria-prima do setor – a nafta –, que antes era fornecida pela Petrobras. “Quem vendia nafta para a Bahia era a Petrobras, mas não está sendo mais assim”, diz.

 Neste segmento, os principais indicadores negativos foram os produtos químicos (-20,4%), influenciados pela menor fabricação de etileno, propeno, buta-1,3-dieno, princípios ativos para herbicidas e benzeno e coque; assim como os produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-13,3%), influenciados pela menor produção de óleos combustíveis, óleo diesel, gasolina automotiva e naftas para petroquímicas.

 Momento delicado

 “Estamos passando por um momento muito delicado. A indústria química e petroquímica está em um processo, que é mundial, de mudança da planta industrial”, afirma Pessoti. “Com a demanda desaquecida e a necessidade de importação da nafta, as empresas intermediárias do Pólo que utilizam a nafta atravessam dificuldades”.

 O anúncio recente do governo federal de promover a desativação da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia (Fafen), localizada no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia e com outra unidade em Sergipe, indica a tendência de desaquecimento do setor no estado. A Fafen é responsável pela fabricação de dois dos principais fertilizantes empregados na produção agropecuária: a ureia e a amônia. A União, no entanto, recuou da decisão após pressão do Governo do Estado e de segmentos que seriam prejudicados com o fechamento da fábrica, como o agronegócio.

 Mesmo com a retração apurada em março, foi registrado um incremento de 0,9% na produção industrial baiana no acumulado dos três primeiros meses do ano, comparado a igual período de 2017. O diretor da SEI lembra que o desempenho industrial da Bahia poderia ter impacto positivo no índice apurado caso o IBGE atualizasse a matriz dos estados.

 “Hoje temos uma indústria eólica e acrílica, por exemplo, em franca expansão, que não entra nos cálculos do órgão por não estarem incluídos no levantamento, embora nós já tenhamos solicitado uma revisão desses indicadores”, ressalta Pessoti.

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