quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

ALEJANDRO E O OUTDOOR


Texto/ Claudio Rodrigues
Consultor  de Empresa.
Fotos/ Reginaldo Pereira

“O futuro de seu filho começa aqui!”. A placa de outdoor com a chamada de uma escola para o inicio de matriculas para o próximo ano letivo é uma ironia para Alejandro, 6 anos, e outras 13 crianças que há duas semanas montaram abrigo na avenida de Contorno, em Feira de Santana, tendo como base para a instalação de suas tendas, a placa de publicidade que vende a educação como futuro.

 Futuro esse que Alejandro e as demais crianças que ali “habitam”, sabem que é incerto. O espaço é dividido por oito famílias que saíram do interior da Paraíba, fugindo da fome e falta de emprego. As famílias ali instaladas ilustram os gráficos da pesquisa Sintese de Indicadores Sociais – SIS 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, que apontou que 50 milhões de brasileiros ou seja: 25 por cento da população vivem na linha de pobreza com renda familiar de US$ 5,5 por dia, sendo que 43 por cento desse contingente está na região Nordeste.

 No País em que seis de cada dez crianças vivem na pobreza, conforme estudo inédito do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado no último dia 14, a futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, pastora Damaris Alves, em mais uma declaração ideológica sobre gênero, afirmou que vai tratar meninas como princesas e os meninos como príncipes. Mas o que Alejandro e os 18 milhões de meninos e meninas desse Brasil desejam não serem privados de direitos básicos como moradia digna, educação, informação, água, saneamento e proteção contra o trabalho infantil.

 Na semana é que comemoram os 70 anos da proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos - DUDH, o que a família Alejandro e tantas outras na mesma situação desejam que o Brasil faça valer seu o Artigo 25:

 I) Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si mesmo e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez ou casos de perda de meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.

 II) A maternidade e a infância tem direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Talvez a pastora e futura ministra que durante uma pregação em um culto evangélico disse ter visto Jesus Cristo quando estava em cima de uma goiabeira e impediu que o mesmo subisse na árvore para não se machucar, consiga num milagre ou passe de mágica, tratar meninos como príncipes e meninas como princesas. Porém se ela fizer valer o Artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os milhões de Alejandros desse país se darão por satisfeitos.
 

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