quinta-feira, 11 de outubro de 2012
A inércia do brasileiro
Por Alberto Peixoto /
A maioria do eleitorado brasileiro se acostumou a seguir para as urnas e depositar o seu voto, mas não aprendeu a acompanhar o trabalho do candidato eleito por ele, dando margem à corrupção, que já se encontra em níveis inaceitáveis em todo o país.
Esta situação inusitada leva os sociólogos a questionarem sobre a inércia do povo brasileiro. Por qual motivo o povo deste país, onde a impunidade dos políticos corruptos chegou a criar uma verdadeira cultura de que “todos são ladrões e que ninguém vai para a prisão”, não existe o fenômeno, hoje em moda no mundo, do movimento dos indignados? Indaga Juan Arias, correspondente do jornal espanhol EL PAÍS no Brasil.
Será que os brasileiros não sabem reagir à hipocrisia e à falta de ética de muitos dos que os governam? – continua Arias - Não lhes importa que tantos políticos que os representam no governo, no Congresso, nos estados ou nos municípios sejam descarados salteadores do erário?
Infelizmente neste país, o que leva às ruas um número às vezes superior a casa dos dois milhões de pessoas são as passeatas gays, caminhadas evangélicas em busca de Jesus, marchas em prol da liberação da maconha e movimento em protesto porque o time de futebol do coração foi rebaixado. Nem os caras-pintadas que no passado participaram da marcha pelas Diretas Já, na qual reivindicavam o direito de eleger o Presidente da República e pelo impeachment de Collor, também em protesto à ditadura militar, trabalhadores e cidadãos comuns, manifestaram qualquer reação pública contra a corrupção dos que nos governam.
Este Brasil onde a má aplicação do dinheiro público e os desvios de verbas estão sempre nos telejornais, ainda é o país onde seu povo não perdeu a esperança e nem perdeu o orgulho de, mesmo com todas estas situações escabrosas, ser brasileiro; este Brasil ainda é o país dos sonhos dos honestos, dos que querem deixar para seus filhos como uma pátria sem as escórias da corrupção que hoje abraça todas as esferas do poder. É fundamental que surja um movimento de indignados, que vá as ruas, que protestem em prol deste Brasil que todos sonhamos.
Escritor Alberto Peixoto
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