quinta-feira, 18 de outubro de 2012

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Cerca de 100 mil pessoas morrem por ano, no Brasil, vítimas da violência e do trânsito. Elas poderiam oferecer milhares de órgãos para transplantes. Isso poucas vezes acontece porque as vítimas, os possíveis doadores, não concordam em doar os próprios órgãos. Apesar de todas campanhas em favor da doação de órgãos, ainda assim os doadores são poucos. A LEI FEDERAL nº 10.211 de 23 de março de 2001, determina que a família tem o direito de decidir a doação de órgãos da pessoa em estado de morte encefálica. Assim, aqueles que se dispõem à doação, devem manifestar previamente aos familiares a sua intenção. O Sistema Nacional de Transplantes é que decide sobre os critérios de destinação justa dos órgãos doados e sobre a organização das listas de espera, evitando e coibindo toda tentativa de comércio de órgãos. DESTACAMOS que a doação de órgãos exige rigorosa observância dos princípios éticos que proíbem a provocação da morte dos doadores, a comercialização e o tráfico de órgãos. Sejam conscientemente respeitadas a inviolabilidade da vida e a dignidade da pessoa. A ética determina, ainda, que o consentimento do doador ou de sua família seja livre e consciente, após ter recebido todas as informações requeridas. É NECESSÁRIO esclarecer que o cadáver já não é simplesmente uma lembrança de quem viveu, mas um corpo que, pela doação dos órgãos, prossegue sua vida terrena em outra pessoa. Não implica nenhum choque nem com a sensibilidade humana – dá-se o órgão para salvar outra pessoa -, nem com a Fé. Antes, responde muito profundamente ao espírito cristão para o qual o serviço, a vida e a saúde do enfermo são prioridades. AS FAMÍLIAS, por isso, devem doar órgãos do familiar morto para que alguém viva. Não há maior alegria do que dar a vida pelo e para o irmão. E esta vida se doa, seja na entrega de si no serviço, seja colocando à disposição de outro aquilo que está sob nossa decisão. DOAR A VIDA ou órgão do corpo é um gesto profundamente humano e cristão. Foi o próprio Cristo que disse: “Vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10). Realiza-se a parábola do trigo. Na verdade eu vos digo: se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, ficará só; mas se morrer, produzirá muito fruto (Jo12,24). O corpo terreno morreu, mas deixou atrás de si a vida de outro corpo. Bendita doação! + Itamar Vian Arcebispo Metropolitano di.vianfs@ig.com.br

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