quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Programação cultural valoriza manifestações artísticas pré-tropicalistas


No agradável ambiente da área externa do Palacete das Artes, no bairro da Graça, em Salvador, amantes da sétima arte debateram, no final da tarde desta terça-feira (24), temas como o cinema baiano e o contexto cinematográfico da Bahia na década de 60. A programação, chamada de 'Sopa de Maria', integra as ações do projeto 'Tropicália: Régua e Compasso', que promove diferentes eventos culturais acerca do que foi o momento efervescência cultural que precedeu o surgimento do movimento que comemora 50 anos neste ano. As atividades acontecem gratuitamente ao longo da semana, sempre às 17h, e ainda conta com uma exposição temporária na Sala Contemporânea Mario Cravo Jr, com acesso livre.

 O projeto é resultado de uma parceria entre a Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) e a Fundação Pedro Calmon (FPC), entidades vinculadas à Secretaria de Cultura do Estado (Secult). Até o final de março, diversas atividades serão realizadas quase que diariamente no palacete. Segundo a diretora da Funceb, Fernanda Tourinho, esta é uma forma de utilizar os acervos para promover a discussão entre jovens e pessoas que viveram este período. “A programação foi pensada também no intuito dos jovens conhecerem aquilo que passou e relacionarem com a arte de hoje. Se temos uma arte engajada, se tem elementos de outros momentos históricos, se conversa com o território. É um espaço para bater um papo com essa juventude”.

 Sopa de Maria 

 Às terças-feiras, além do debate sobre o cinema baiano da década de 60, o público que vai ao Palacete das Artes ainda contribui cortando os vegetais que são utilizados para a sopa, servida ao final do evento, e que é feita no pátio mesmo. Uma referência aos encontros artísticos realizados na casa da atriz Maria Moniz, que também esteve no evento nessa terça. “O que começou com uma reunião depois de ensaios de uma peça que íamos apresentar, se transformou num encontro marcado, freqüentado por vários artistas como Caetano [Veloso], [ilberto] Gil, Maria Bethânia, Gal Costa e tantos outros. Como ficávamos até tarde bebendo, cantando, recitando poesias, eu servia uma sopa, já de madrugada, quando já estávamos com fome”, afrimou Maria Moniz.

 Além da sopa, todas as terças-feiras, figuras importantes da cinematografia e críticos da sétima arte são convidados para contar as próprias experiências. No evento deste dia 24, com a mediação de Bertrand Duarte, diretor da Diretoria de Audiovisual (Dimas) da Funceb, o cineasta, crítico de cinema e dramaturgo José Umberto Dias, o diretor de cinema e membro da Academia de Letras e Artes de Salvador, Oscar Santana, além do também cineasta baiano, músico e jornalista Jorge Alfredo colocaram suas experiências e considerações sobre o tema.

 Exposição

 Até o final de março e integrando as atividades do projeto, a exposição 'Tropicália: Régua e Compasso (A Bahia Cultural Pré-Tropicalista)', na Sala Contemporânea Mario Cravo Jr, reúne peças de acervos museológicos baianos, como obras de Lina Bo Bardi, Smetak, Rudzka, Carybé, Juarez Paraíso, Lênio Braga, Jenner Augusto, Verger e acervo de Lia e Silvio Robatto. Além delas, estão incluídos vídeos e documentos dos anos que precederam a Tropicália.

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