sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O MENINO E O MENDIGO

O casal instalou-se numa das únicas mesas livres do restaurante. Para o pequeno Maurício foi providenciada uma cadeira especial. O almoço nem havia começado e Maurício batia palmas animado: já conseguira um amigo. Tratava-se de um mendigo, velho esfarrapado e sujo. MAURICIO estava encantado com seu novo amigo. Cada um deles, em intervalos regulares, fazia algumas micagens e criancices e ambos riam felizes. Os freqüentadores do restaurante, discretamente, acompanhavam a cena insólita. Só os garçons fingiam não perceber. O casal estava constrangido. Era possível que logo, logo, o mendigo tocasse no filho, tamanha era a familiaridade. O ALMOÇO foi abreviado e com um sentimento de alívio, dirigiram-se ao caixa, já com o menino no colo. O mendigo, felizmente, desapareceu. A mãe, mentalmente, rezou a Deus: ajuda-me a sair daqui antes que ele apareça! A oração foi inútil, pois o mendigo estava na porta do restaurante. Evidentemente, queria despedir-se. O MENINO ficou feliz com a vista de seu amigo e num gesto significativo estendeu os braços na direção do velho. Antes que a mãe pudesse impedir, Maurício jogou-se nos braços do amigo. Suas velhas mãos maltratadas o acolheram com ternura infinita. O velho homem, com o menino nos braços, olhou para os pais e disse com voz segura: cuidem deste menino! E continuou: Deus vos abençoe; vocês me deram um grande presente! O CARRO partiu silenciosamente e para disfarçar a emoção foi ligada uma música, por ironia, uma música natalina. Rompendo o silêncio, o pai disse: que Deus nos perdoe! Ele havia acabado de perceber e entender o amor de Cristo através da inocência de uma criança que não viu a sujeira, que não fizera nenhum juízo. Onde os adultos viram apenas um monte de roupas sujas e uma vida indigna, o menino viu um irmão. Era véspera de Natal. O NATAL provoca o milagre do renascimento humano e espiritual porque, para além de todos os aspectos visíveis e materiais, nele contemplamos o grande milagre da história: Jesus veio morar entre nós. O povo, que andava na escuridão viu uma grande Luz (j 1,14). Nesse dia, cada criança é o rosto de Deus e a face de Deus é a de uma criança. PEÇAMOS aos pastores que nos ajudem a ter ouvidos para ouvir cantos de anjos, a recuperar a sensibilidade a nós concedida por Deus quando nos criou à sua imagem e semelhança. Vamos pedir a Jesus menino um coração de criança para reconhecer em cada pessoa um irmão, uma irmã e dizer com toda a verdade de nossa vida: Feliz Natal!/ + Itamar Vian/ Arcebispo Metropolitano/ di.vianfs@ig.com.br

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