A entrada em vigor da nova lei seca, que proíbe qualquer vestígio de álcool no sangue de motoristas, criou polêmica até mesmo na Igreja Católica. A política de tolerância zero preocupou padres que, durante a celebração da eucaristia, bebem vinho com alto teor alcoólico, o chamado vinho canônico. Esse vinho é licoroso, com graduação alcoólica de 16%. Os vinhos tradicionais têm, geralmente, graduação alcoólica de 7% a 13%.
O alto teor de álcool e de açúcar na bebida usada nas celebrações serve para conservá-la por mais tempo, já que será consumida lentamente. Com receio de ver os párocos barrados em alguma blitz, o arcebispo de Curitiba, Dom Moacyr José Vitti, autorizou, na semana passada, que o vinho canônico fosse trocado por vinho sem álcool ou suco de uva. A orientação foi seguida por arquidioceses do interior do Paraná, como a de Maringá.
Na quarta-feira (6), porém, a arquidiocese de Curitiba voltou atrás e informou que nova nota com orientação para os padres será distribuída nesta sexta-feira (8). A recomendação agora é que os celebrantes reduzam ao máximo a ingestão do vinho durante as missas.
A substituição da bebida alcoólica por outra só será feita apenas nos casos autorizados pela Santa Sé, que permite a troca somente para padres com problemas de saúde ou com histórico de alcoolismo. A arquidiocese orientou ainda que os celebrantes parados pela fiscalização apresentem documentos comprovando sua ligação com a igreja, para justificar algum teor alcoólico flagrado pelo bafômetro.
O Ministério das Cidades informou que a lei é válida para todos os casos e não há brechas que permita a liberação de padres flagrados dirigindo com concentração de álcool no sangue. Segundo a arquidiocese, a substituição do vinho só é permitida em casos extremos porque a bebida é considerada a “matéria do sangue de Jesus Cristo”, que teria transformado pão e vinho em seu corpo e sangue na última ceia.
Para os católicos, o vinho não apenas representa, mas se transforma no sangue de Jesus após a consagração eucarística. Procurada, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) disse não ter porta-voz disponível para comentar o assunto.
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