segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Serviço de enfrentamento ao racismo recebe apoio da população


A Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) já realizou 400 entrevistas com foliões, ambulantes, cordeiros, turistas e catadores de material reciclável neste Carnaval. Do total, 159 pessoas alegaram ter sofrido racismo em algum momento da vida, sendo a maioria dos casos em espaço privado ou repartição pública. Outros 233 afirmaram ter presenciado o ato. Das pessoas abordadas, 320 se declararam negros(as) e 83 são da religião do candomblé.

 Os foliões contam ainda com os serviços do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, que oferece orientação jurídica gratuita em situações de violação de direitos. O centro possui um posto fixo durante a folia, na sede do Procon, na Rua Carlos Gomes, com equipes de plantão das 14h às 22h, resultado de parceria entre a Sepromi e a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS). A ação segue até terça-feira (28), incluindo abordagem qualificada para monitoramento de casos relacionados.

 Segundo o coordenador dos trabalhos, Antônio Cosme Lima, as experiências da ação no Carnaval da Bahia do ano passado serviram para aprimorar a intervenção. “Otimizamos o trabalho e estamos preparados para acolher as denúncias da população, orientar e divulgar os nossos serviços”. A abordagem nas ruas também é uma oportunidade para obter dados que subsidiem a criação e melhoria das políticas públicas direcionadas ao povo negro.

 Apesar de identificar o racismo no dia a dia, a ambulante Elaine Silva não sabia onde buscar apoio no Carnaval. “Agora já sei e vou guardar o contato do Centro de Referência Nelson Mandela”, afirmou, após receber orientações dos técnicos da Sepromi, que atuam em todos os circuitos.

 “Já fui discriminada diversas vezes, principalmente como ambulante, pois muitos chegam aqui e acham que podem tudo, que temos que servir. Já recebi muita cantada e agressão verbal aqui no ponto [no Pelourinho]”, contou Elaine. A filha dela também está sendo desrespeitada na escola. “Um colega a chamou de preta, foveira, de cabelo duro. Ela começou a chorar, precisou de uma pessoa para levar em casa e está com receio de voltar".

 Diferente da ambulante, o jovem Wilian Santos, dançarino do Bankoma, já conhecia o Centro de Referência Nelson Mandela, mas destacou a importância da campanha para que outras pessoas fiquem por dentro dos serviços. “Eu já sofri intolerância religiosa e entendo a importância de lutar por nossos direitos com a cabeça erguida. Estava com minha roupa de ração, contas, quando evangélicos me repreenderam. Só pedi respeito, sem agressão, com o sorriso no rosto”.

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