domingo, 3 de julho de 2011

Pobreza extrema


Viúva, seis filhos, sem emprego, sem Bolsa Família. Ana Patrícia de Oliveira, 45 anos, é o típico caso de chefe de família em situação de pobreza extrema. Vive na periferia de Feira de Santana, no bairro Viveiros, em um resto de rua onde falta pavimentação, sobram buracos e carro não entra.
Na casa de dois cômodos sem reboco, muitos tijolos estão quebrados. A porta é um pedaço de madeira solta, apoiado no batente da entrada. Não existem móveis e o piso parece um dia ter sido de cimento, mas hoje é de chão batido e esburacado.
Quando tem comida, Ana Patrícia cozinha com lenha. Mas já recebeu vale gás e R$ 65,00 de Bolsa Família, que perdeu porque os filhos “não quiseram mais ir para a escola”, como ela diz. Os meninos, entre 19 e 11 anos, têm vergonha de aparecer na fotografia.
A mulher vive da ajuda de vizinhos quase tão pobres quanto ela. Eventualmente lava roupas. “Tem gente que paga R$ 5,00, tem gente que paga R$ 3,00”, afirma.
O bairro Viveiros, ao lado de George Américo e Queimadinha, é um dos três com maior número de beneficiários do Bolsa Família, que atende 48.215 domicílios em Feira de Santana, segundo dados da secretaria municipal de Desenvolvimento Social. Considerando uma média estimada em quatro pessoas por moradia, os quase 200 mil beneficiários representam um terço dos moradores da cidade.
Segundo a secretária Gerusa Sampaio, o município já realiza a busca ativa que o governo federal quer implantar para inserir gente que nem sequer sabe que tem direito ao benefício. “Também não incluímos ninguém que venha pedir se não formos verificar na residência a real necessidade”, avisa.
Promover ascensão social de maneira que as famílias possam progredir e dispensar o dinheiro do governo é considerada uma das tarefas mais difíceis na secretaria. “Mesmo quem tem oportunidade, tem medo de sair e ficar desamparado”, justifica Gerusa. Nem recorrendo à ajuda das assistentes sociais do órgão, a secretária não conseguiu um exemplo para fornecer à reportagem.
O governo municipal mantém programas de qualificação profissional e de geração de renda. Segundo a secretaria funcionam 13 mini-fábricas de produtos de baixo custo, como vassouras. O município também executa os programas federais de Projovem Adolescente e Leite Fome Zero. “São distribuídos 100 mil litros de leite por mês para alunos até 7 anos da rede municipal”, assegura Gerusa, especificando que cada criança nesta faixa etária recebe diariamente um saco do produto líquido pasteurizado. O leite é comprado de pequenos produtores pelo governo federal e o município se encarrega da distribuição.

Texto:GLAUCO WANDERLEY
Foto: Luiz Tito

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