quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O PALHAÇO E AS ELEIÇÕES


Numa cidade, foi armado um circo. Tudo estava pronto e a inauguração deveria ser à noite. Sem dúvida, iria ser uma grande festa, mesmo levando em conta que a situação não estava boa, pois uma prolongada seca castigava a região. Muita gente passando fome. Mesmo assim o circo ia bem. O povo esqueceria a tristeza, ao menos por algumas horas.

O PALHAÇO vestiu suas roupas coloridas e fora da moda, pintou o rosto, colocou nariz postiço e foi para o palco contar anedotas. Parecia um campeonato de mentiras. O público se divertia. De repente chega alguém e cochicha com o palhaço: “O circo está pegando fogo! Diga para o público que saia depressa”. O palhaço mudou a voz e falou sério: “Vamos saindo depressa porque o circo está em chamas”. O povo ria vendo o palhaço chorar e repetir: “Minha gente, saiam o quanto antes para não morrerem queimados”. De repente as lonas estavam em chamas e começaram a cair sobre a platéia: era um incêndio de verdade.

HOJE a cena se repete. O povo não acredita em muitos políticos. Houve palhaçadas demais nos últimos anos. Poucos acreditam que agora estejam falando sério. Por isso as risadas saúdam as solenes promessas. Todos corremos o risco de morrermos queimados!

O ELEITOR brasileiro tem o direito, diante de tantos escândalos produzidos por alguns políticos, de externar sua desconfiança. Mas não pode, jamais, fugir de sua corresponsabilidade – afinal, não há parlamentar eleito sem voto. A eleição é um julgamento a que os candidatos se submetem e o eleitor é quem decide. Se a escolha for acertada, os dividendos aparecerão. A pena para o voto equivocado são quatro anos de arrependimento. E a ilusão é uma porta aberta para o precipício do erro. A omissão é a pior escolha.

O BRASIL está em situação difícil não porque existem muitas pessoas más, mas porque os bons se omitem. Já nos alertava o Papa Pio XII que “onde faltam cidadãos honestos, outros vêm ocupar-lhes o lugar para fazer da atividade política a arena de suas ambições, uma corrida aos ganhos próprios e de sua classe”.

OS ELEITORES devem ter clareza de que votar é algo muito mais sério que simplesmente apertar alguns botões na urna eletrônica. Mais do que eleger pessoas, é preciso eleger idéias e propostas viáveis com relação à Educação, Saúde, Segurança e Agricultura Familiar...

+ Itamar Vian
Arcebispo Metropolitano
di.vianfs@ig.com.br


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