sábado, 4 de outubro de 2014

Um favelão chamado Feira de Santana

Por Alberto Peixoto


O crescimento desordenado de Feira de Santana a transformou em uma metrópole sem infra-estruturar e com um Plano Diretor Urbano – PDL – sempre em “Off”. O espaço público do centro da cidade – praças e principais artérias – foi privatizada pelos feirantes, camelôs e todo tipo de ambulante, impossibilitando ao pedestre o seu direito de ir vir sem nenhum constrangimento.

 E o favelaço do centro da cidade? As barracas de verduras, a falta de um projeto para carga e descarga na Rua Marechal Deodoro e adjacências? As calçadas invadidas pelas mesas dos bares? Quando serão tomadas as devidas providências? A falta de acessibilidade em algumas calçadas da cidade leva as pessoas e até mesmo os PNE`s – portadores de necessidade especiais - a disputar um espaço com os veículos nas diversas artérias do centro da cidade. “Ainda é melhor andar pela rua, mesmo com o risco de ser atropelado. Na calçada temos que ficar tentando descobrir se do outro lado terá acessibilidade. Por que as ruas estão quase sempre melhor adaptadas para a circulação de veículos do que para pedestres? Os pedestres não deveriam ter na calçada uma condição tão boa quanto os veículos têm para circular na rua?” – questiona o cadeirante José Martins.
Pelas condições precárias em que se encontram as principais artérias de Feira de Santana, conclui-se que não há nenhum projeto de renovação urbana, visando recuperar as praças e vias públicas da “Cidade Princesa”. Observa-se que gradativamente começam a se instalar nas diversas praças da cidade, um conjunto de “favelões”, dando margem a que um farto comércio de objetos furtados e, em muitas delas a disseminação do tráfico de drogas se torne um fato cotidiano.

 Feira de Santana se destaca no cenário baiano e nacional por possuir um mercado que se encontra em forte expansão de competitividade, dispõe de um grande pólo de educação, concentrando uma universidade estadual, diversas faculdades e projeto para instalação de uma universidade federal em andamento, além de colégios com destaque nacional na qualidade e métodos de ensino/aprendizagem, mas falta estrutura física para aportar as pessoas que vivem nela.

 No início do ano houve mais um dos diversos imbróglios, com o aumento pela prefeitura, de forma exagerada do IPTU, com a desculpa de sempre, que o mesmo estava defasado. Esperava-se que a receita deste imposto de proporções astronômicas, fosse usado em obras que beneficiassem o contribuinte; que fosse criado um shopping a céu aberto ou camelódromo; um mercado para que os verdureiros que invadiram o centro da cidade tivessem Box para comercializar seu produto, esvaziando as calçadas, melhorando a circulação de pedestres pela cidade.
Outro grande problema, causado pela impunidade – que ande de mãos dadas com a má gestão do município – se encontra espalhado por toda a cidade. Carros estacionados em filas duplas e sobre as calçadas, dificultando ainda mais o conturbado trânsito feirense e a circulação dos transeuntes. Sem fiscalização adequada, nos finais de semana este problema se alastra adquirindo proporções absurdas: as calçadas viram estacionamentos dos diversos bares e restaurantes, principalmente, na Avenida Getúlio Vargas. 

Paulatinamente, o trânsito de Feira de Santa, ao lado da violência que assola a “Cidade Princesa”, vem se transformando em um problema para a população. Estacionar em fila dupla, invadir semáforo, estacionar sobre a calçada e a tradicional “roubadinha”, passou a ser uma opção aceita pela SMTT – Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte – que a tudo vê e nada faz. Observa-se isso pela falta de providências tomada por este órgão. Falando em semáforos, Feira de Santana é a única cidade no mundo que possui “quebra molas” sob as sinaleiras.

 Para generalizar a bagunça que se instalou, indefinidamente, em Feira de Santana, conta-se também com a ajuda dos “pseudos cidadãos” – na realidade vândalos inconsequentes – que não medem sacrifícios para depredar os bancos das praças, árvores, parques infantis, depósito coletivo para lixos, lâmpadas da iluminação pública, passeios e tudo que lhes ficar à frente. Sem falar, que não achando suficiente estes danos, picham e destroem monumentos públicos e as paredes de todo tipo de estabelecimento particular. Estas ocorrências traduzem a falta de segurança e fiscalização na cidade.

 Infelizmente, Feira de Santana virou terra de ninguém. Desculpem o termo: virou “um mangue”. Existe lei municipal que proíbe o transito de veículos pesados no centro e principais avenidas da cidade, mas não é cumprida por causa da inoperância ou empecilho legal ou estrutural que desconhecemos. Na realidade, o grande culpado, por toda esta situação, somos nós que nada fazemos, nada cobramos e assim, a bagunça continua.

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