Fortalecer o policiamento nas ruas e estreitar os laços com a comunidade e com as polícias de Goiás e de Minas Gerais estão entre as metas traçadas pelo comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, Paulo Roberto Witt Rosback. O novo chefe da corporação, formada por cerca de 14,5 mil homens, tem ainda a missão de afinar o relacionamento com a Polícia Civil e também com o Corpo de Bombeiros e o Departamento de Trânsito (Detran).
Em entrevista ao Correio na manhã de ontem, na sede da Secretaria de Segurança Pública, o coronel Rosback falou sobre a necessidade de liberar policiais do serviço burocrático para o policiamento nas ruas. Ao ser questionado sobre como vai tratar a questão dos bicos dentro da PM, afirmou que essa prática é cultural, mas que, atualmente, é cada vez mais rara por conta de incentivos internos como o serviço voluntário remunerado. Sobre a violência nas escolas, Rosback entende que não se trata de um problema apenas da polícia, mas de toda a comunidade escolar, dos pais e dos conselhos de segurança. “Precisamos envolver todos na construção de soluções”, defendeu. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
O senhor defende que é preciso fortalecer o policiamento nas ruas. Estima-se que metade da corporação fique hoje dentro os quartéis, em trabalhos burocráticos. É essa a realidade?
Hoje, temos algo em torno de 14,5 mil policiais. Desses, cerca de 9 mil atuam nas ruas. Dos que fazem serviços internos, é preciso ter em mente que temos área médica, de formação, de odontologia. Essas são áreas
absolutamente necessárias.
Como o senhor pretende trazer esses policiais para as ruas?
É preciso entender que a presença dentro dos batalhões é fundamental para dar o suporte aos policiais lá na ponta, no operacional. Pessoal da inteligência e da estatística não pode ser civil. São áreas estratégicas. Estamos planejando ações para que haja uma substituição dos policias por civis em áreas como secretaria e redação de documento, por exemplo. Já temos o projeto do primeiro emprego, com quase mil jovens dentro da instituição fazendo esses trabalhos como estagiários. Agora, essa é uma mudança que tem que ser implantada aos poucos. Não dá para ser da noite para o dia, mas a médio e a longo prazos. Estamos otimizando o nosso pessoal administrativo para que também faça esse trabalho operacional, até numa sobrecarga de tarefas.
No ano passado, o então comandante da PM liberou o “bico” feito por policiais militares no período em que deveriam estar descansando. Depois voltou atrás e limitou algumas atividades extras. Como isso será tratado pelo novo comando?
O bico é uma questão cultural. Quando entrei na polícia, em 1987, tinha toda uma cultura nesse sentido, tinha questão de salários (baixos) e isso tudo foi evoluindo. Atualmente, o serviço voluntário gratificado foi lançado para dobrar o número de policiais nas ruas e dar um apoio ao militar. É uma opção para que ele saia do serviço ilegal, que não dá respaldo jurídico a ele em casos de invalidez ou morte. Não temos dados, mas diminuímos consideravelmente o bico com essa medida. Até onde eu sei, não estudei a fundo o que o comandante anterior fez, alguns serviços ainda são feitos, mas hoje temos o serviço voluntário e ele terá muito mais segurança trabalhando no voluntário do que fazendo bico.
Fonte/ correiobrasiliense.com.br
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