sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A MÃE E AS CRIANÇAS


Boa coincidência: no dia 12 de outubro celebramos a festa de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil, e o Dia da Criança. Por que a coincidência é boa? Porque Maria é mãe. E mãe lembra criança. E a maternidade se realiza no gerar, dar à luz e garantir todo o amor possível àquela criança gerada.
POR MAIS otimistas que sejamos, não dá para esconder a situação de milhões de crianças no Brasil. Nas grandes cidades, inchadas pela migração do campo, elas se amontoam com os pais em barracos e favelas, quando não se espalham pelas ruas pedindo esmolas. Há crianças exploradas no trabalho. Há crianças prostituídas. Há crianças usadas no tráfico de drogas. Há crianças sofrendo violência dentro e fora de casa.
NO CAMPO a situação não é menos angustiante. Volta e meia, a televisão estampa diante de nossos olhos, crianças com o corpo retorcido pelo excesso de carga que suportam nas costas, crianças enegrecidas por dentro e por fora pelo pó das carvoarias, crianças roubadas em seu direito de ir à escola para trabalhar na colheita do café, da laranja, crianças mutiladas pelos martelos com que quebram pedras e cocos.
BOA VONTADE para com as crianças e adolescentes até que existe. Tanto que temos um estatuto, elaborado há 20 anos e que suscitou muita esperança. Ali estão relacionados todos os direitos da criança e do adolescente e os deveres da sociedade, do governo e da família em relação a eles. Trata-se de um perfeito conjunto de dispositivos legais que já tornou possíveis passos importantes, como os Conselhos Tutelares da Criança e do Adolescente.
É HORA de assumir este estatuto com coragem e vontade política. Um país que não respeita suas crianças, adolescentes e jovens e não lhes oferece condições para desenvolverem plenamente suas potencialidades está colocando em risco o futuro.
UMA PALAVRA de ordem hoje movimenta muitas e importantes forças vivas do país – partidos políticos, sindicatos, organizações não governamentais, Igrejas – querendo o resgate da cidadania. Lutar pela plena vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente é, portanto, uma legítima ação de cidadania iluminada pela solidariedade.
NO DIA DE Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, cantemos com fervor a mesma prece: “Velai por nossas famílias, pelas crianças, adolescentes e jovens, pelo povo brasileiro, ó Senhora Aparecida” .
+ Itamar Vian Arcebispo Metropolitano di.vianfs@ig.com.br

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