sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Juíza Luislinda Valois recebe Medalha de 2 de Julho


Nossas origens se assentam nas relações raciais entre os negros, brancos e indígenas e, o nordeste foi a principal porta de entrada do povo escravizado da África. Por conseqüência, esta região do País possui o maior número de afrodescendentes. Os Estados da Bahia e do Piauí têm 80% e 82%, respectivamente, da população formada por pessoas com a pele escura.

É inacreditável, mas é nesta região, que o preconceito é mais marcante, principalmente, na cidade de Salvador, onde a população negra é estimada em torno de 77.99% do total da população local, mesmo tendo eles no passado representado o suporte para o crescimento da economia baiana e Brasileira. Sem falar de sua grande participação na formação étnica da nossa raça, única no planeta, pela grande miscigenação.

Luislinda Valois, 66, primeira Juíza negra do Brasil, é filha de Luiz, motorneiro de bonde e a dona de casa e costureira Lindaura, com seus cabelos rastafári quebrou todos os paradigmas e venceu os desafios contra as diversas dificuldades enfrentadas pelos alunos negros na tentativa de se graduar em qualquer nível de escolaridade, principalmente o superior, não abandonando o sonho de possuir um diploma.

No dia 29 de setembro de 2011, a Exmª Juíza Luislinda Valois estará recebendo das mãos de João Henrique de Barradas Carneiro, prefeito de Salvador, a Medalha de 2 de Julho, em ouro, como reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à Cidade do Salvador. A Cerimônia pública ocorrerá às 10 horas, no Salão de eventos do Palácio Rio Branco, Praça Municipal.

Em 1991 passou em primeiro lugar em um concurso nacional para a Advocacia Geral da União (AGU). Concursada foi empossada juíza em 1984 e até hoje não abre mão de seus colares de conta do candomblé, mesmo nas audiências. “Só de olhar, sei se uma testemunha vai mentir”, garante. Luislinda Valois, mulher de muita fibra, competente, muito séria em suas decisões sempre com o sorriso nos lábios, diz: “Não posso vacilar, afinal sou negra, pobre, vim da periferia, sou divorciada e ainda sou rastafári”. Antes de cursar Direito, foi eleita Miss-Mulata Bahia e estudou teatro e filosofia.

Segundo depoimento de sua amiga, Maria Felipe: “sendo a primeira Juíza negra do Brasil, Drª Luislinda Valois merece todo nosso respeito como também todas as honras que esse País lhe oferecer. Agora queremos a mesma como desembargadora da Bahia, JÁ!”.
Texto/ Alberto Peixoto

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