O rumor sobre um restaurante brasileiro que diz buscar doadores de carne humana em Berlim é tema de reportagens na imprensa alemã e internacional. Não está claro até que ponto a intenção é real ou se se trata de um rumor lançado com o propósito de ganhar publicidade.
O site do suposto restaurante, chamado Flimé, informa que a abertura está prevista para o dia 8 de setembro. De acordo com a página, o estabelecimento é o primeiro no mundo que segue a tradição dos índios wari, tribo amazônica conhecida por praticar canibalismo no passado.
A página tem um formulário que pode ser preenchido por interessados em doar partes de seu corpo. “Os membros associados do Flimé concordam, com este, em doar para o Flimé qualquer parte de seu corpo, que será determinada pelo próprio associado. O Flimé assumirá apenas os custos hospitalares. O associado não receberá nenhum outro crédito financeiro. A finalidade do uso da parte doada é de livre escolha do Flimé”, diz o formulário disponível para download.
O site diz que o restaurante já existe em Guajará-Mirim (RO), mas indica um endereço inexistente. O local onde o estabelecimento irá abrir na capital alemã não é informado.
O cardápio apresentado na página não faz referências diretas ao uso de carne humana. Entre as opções, há pratos tradicionais como baião de dois e coxinha. Na versão em alemão, há uma seção oferecendo vagas para “auxiliares de cozinha tolerantes” e “cirurgião aberto”.
No YouTube há um vídeo descrito por alguns sites brasileiros e internacionais como uma entrevista com o dono do restaurante, Eduardo Amado. Apesar de ser chamado de brasileiro em algumas notas que publicadas na internet, seu sotaque é de português.
Aparecem ainda imagens do que seria uma manifestação contra o canibalismo em Guajará-Mirim, embora as imagens mostrem edifícios altos, incompatíveis com paisagem da cidade de Rondônia.
O Globo Amazônia tentou contato com o restaurante, e conseguiu falar com a pessoa responsável pelo registro do seu endereço na internet, um italiano que vive na Inglaterra, que alega ter feito apenas o design da página e se recusou a dar detalhes sobre o cliente que o contratou.
O portal da revista alemã "Spiegel" falou com um representante do Flimé, que “insistiu de forma não convincente que o projeto não é uma farsa”.
O tablóide alemão “Bild” descreve o caso como um “uma piada de mau gosto de relações públicas” e cita um deputado estadual, Michael Braun, segundo o qual vem recebendo e-mails de protesto contra o Flimé. “Parto do princípio de que se trata de uma brincadeira equivocada. É nojento. Em especial, porque tivemos um berlinense morto por um canibal recentemente”, comentou, lembrando do caso de Armin Meiwes, condenado à prisão perpétua por matar e comer um homem em 2001.
O Instituto Socioambiental, instituição especializada no estudo dos povos indígenas brasileiros, informa que os índios wari comiam não só os inimigos que matavam, mas também os mortos de seu próprio grupo. “O rito tinha início já na doença grave, quando o moribundo era chorado por parentes consanguíneos e afins”, descreve. Atualmente um grupo de menos de 3 mil índios deste povo segue vivendo em Rondônia, mas o canibalismo já não faz parte de sua cultura. As informações são do G1.
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