sábado, 2 de abril de 2011

Carros Antigos

“Cada um com sua mania”, diz o adágio popular evidente que no bom sentido. O que significa cada um com a sua preferência. Exatamente por isso há quem colecione relógios, revistas, gravatas, chaveiros, calçados, moveis antigos, dentre outras coisas e até mulheres, como é o caso de alguns “Don Juans”. Com 45 anos, casado, baiano de Paulo Afonso, mas criado em Feira de Santana a partir dos dois anos, o representante comercial Rubem Adson Dantas Reis, (foto) não pode ser apontado como um colecionador exótico e sim de bom gosto. Sua paixão por carros antigos, surgida quando estava em São Paulo em 1991, na verdade tem precedentes, como ele mesmo afirma. “Eu acho que isso vem do tempo de bebe, quando meu pai pegava minhas fraldas para esfriar a bobina do fusca“ diz rindo. Talvez assim, involuntariamente, seu Alfredo Irênio no Reis (proprietário da Casa do Mel) tenha gerado essa paixão por carros antigos no filho.
Rubem sempre que podia freqüentava feiras e exposições de carros em São Paulo. Em 1991 ficou “apaixonado” pelo ruído de um motor de um automóvel em Guarulhos, em uma feira de autos, próximo ao Carreful. “Eu estava em meio a vários carros quando alguém acelerou o motor de um veiculo. Fiquei impressionado e logo o localizei. Era um Opala, de cambio automático, ano 1975, todo original. Propus uma troca. Dei a minha Brasília e uma volta equivalente a 70% do valor da Brasília”. Rubem ingressava no “mundo mágico” dos carros antigos. ”Dei sorte porque se fosse cambio manual já teria dado defeito, mas esta tudo original” destaca observando que para os experts um veículo com mais de 30 anos é considerado antigo.
João Nogueira e Rubens

De volta Feira de Santana a partir de 2009 e na sua atividade profissional - representante comercial -, Rubem Adson tem dedicado todo o seu capital e o tempo disponíveis, nos finais de semana à sua paixão. Na rua Silvina Marques,Parque Panorama, em frente ao Posto de Saúde dr. Milton Marinho ele construiu um galpão e instalou o “Clube V 8“ ( devido ao motor V 8, de origem norte-americana utilizado nos carros importados), onde mantém sete automóveis e para cuidar deles contratou o experiente João Nogueira Borges. Ali estão sendo restaurados e logo que estiverem prontos ficarão expostos: um Mustang 1967 americano, um Dodge Dart 71, um Gálax 73, um Chaise 75, um Caravan 76, um Opala 75, um Landau 81 e um Opala 91 que o “brotinho” da coleção. Com a experiência de ter trabalhado na Comercial de Automóveis, Irmãos Curvelo, Cobrasa, Saveiro Veículos e na Setana, de onde saiu em 2009 para atender ao convite do Clube V 8, Nogueira é meticuloso no seu trabalho de restauro. Deixar cada veículo de acordo com a sua originalidade é a sua preocupação, assim como a de Rubem que procura peças originais, através da internet com colecionadores e vendedores, trabalho que requer dedicação. Outro expediente recorrido é no caso do falecimento de alguém que possuia um veículo antigo. “É possível encontrar peças boas na casa de uma família que perdeu alguém querido, um pai um avó, mas é preciso saber conversar porque o valor do objeto pode ser mais afetivo” observa. Ao seu lado Nogueira vai ao extremo no seu trabalho, recuperando a chaparia ou produzindo peças idênticas às originais ao ponto de um observador mais criterioso não perceber qualquer diferença. Para isso ele já fez vários cursos de corte e lixamento dentre outros. “Eu desenho no papelão, estampo e corto na máquina Norton. Comecei no Senai e hoje trabalho com as máquinas mais modernas que nos temos aqui com a Mig de solda elétrica com arconio, macaco Simborg e puxadeira elétrica. Essas máquinas possibilitam trabalhar com qualidade” relata. Para ele o Dodg Charge RT é o modelo mais difícil para produzir as peças. A perfeição é uma marca do seu trabalho. Pode ser um simples remendo na chaparia e ela tem que sair exata. “Não importa o local do remendo, seja no teto, que e um lugar visível, ou no lastro, que fica escondido, ele tem de ser perfeito, exato”, garante Nogueira. Rubem é um verdadeiro “pescador”. Alem de revirar a internet está sempre participando de feiras de carros antigos e de peças. São Paulo é o maior mercado do ramo. “Lá tem o “mercado de pulgas” que é o mercado de peças, que antes ficava em Pacaembu e agora é no Sambódromo, vou sempre lá” diz. Ele destaca dados importantes e desconhecidos do grande público como o fato de o Impala Caprice, ano 1962, já contar com vidro e quebra-vento elétricos, o que nos carros nacionais é algo relativamente recente. No Clube V 8, independente dos sete veículos em recuperação,há muitas peças que são adquiridas em perfeito estado outras para restauração como um motor Chevrolet 283, que custou R$ 4 mil. A comercialização dos veículos, que podem alcançar ótimas cotações entre colecionadores, não faz parte dos planos do torcedor do Corinthians e do Bahia, Rubem Adson ele espera ver todos os sete carros prontos para colocá-los em exposição no Club V 8, onde também ficará o Opala 75, branco, cambio automático, que ele trocou pela Brasília e até hoje serve para os seus passeios. “Seria triste depois de tanto trabalho ter que desfazer dos carros” diz João Nogueira, também torcedor do Corinthians e do Vitória. Nessa hora apesar de rivais no futebol da Bahia eles concordam plenamente!

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