quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

ESCOLA DE SAMBA PORTELA HOMENAGEIA A BAHIA NA LAVAGEM DO BONFIM



O samba no pé das passistas e do casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola de samba Portela foi a grande novidade da Lavagem do Bonfim deste ano. A Portela veio a Salvador para apresentar nesta quinta-feira (12), em frente à Associação Comercial da Bahia (ACB), no Comércio, um pouco do que vai ser o desfile de Carnaval no Rio de Janeiro, quando homenageia as festas populares da Bahia.
Acompanhados pela bateria do Olodum, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Jéferson Souza e Jeane Martine, e duas passistas da Portela animaram a todos que caminhavam pelo local.
“Estamos em Salvador para levar um pouco do axé para o Sambódromo. Vamos aproveitar para pedir ao Senhor do Bonfim muito axé para o nosso desfile na Marquês de Sapucaí e sermos os campeões”, afirmou o mestre-sala.
O samba-enredo da Portela – “E o povo na rua cantando/É feito uma reza, um ritual” – destaca as festas tradicionais da Bahia, inclusive a Lavagem do Bonfim, o sincretismo religioso dos baianos, os orixás, as comidas típicas, dentre outros elementos culturais locais.
“Estar aqui nos inspira a fazer um desfile ainda mais bonito. Conhecer de perto a Lavagem do Bonfim é muito bom, já que vamos retratá-la durante o desfile”, disse a porta-bandeira Jeane.
Enquanto as passistas sambavam, a curiosidade dos que passavam por ali era aguçada. Fotos e vídeos não faltaram e registravam tudo. “Elas sambam muito bem. Nunca vi uma escola de samba, mas esta pequena apresentação me fez gostar”, declarou o vendedor ambulante Vitor Souza, 30 anos.



A animação do cortejo da Lavagem do Bonfim não ficou apenas por conta dos representantes da Portela. Os baianos e turistas também mostraram sua alegria e, acima de tudo, criatividade.
Já no adro da Igreja do Bonfim, a fé era demonstrada por meio das orações, dos cânticos. Baianas abençoavam os devotos com água-de-cheiro. Alguns pegavam as rosas que estavam nos vasos das baianas, amarravam a fitinha do Bonfim e faziam seus pedidos ou agradeciam as graças alcançadas no ano passado.
“Eu tinha catarata há mais de oito anos. Não enxergava. Mas pedi ao Senhor do Bonfim para me curar, para que eu pudesse arranjar um médico bom que me ajudasse. Deu tudo certo. Estou curada, graças ao Senhor do Bonfim”, contou a aposentada Arlinda Santos, 70 anos, que saiu de Feira de Santana para agradecer.
A ialorixá Cecília Maria Silva, de São Paulo, veio a Salvador apenas para conhecer a festa e se emocionou. “É muito lindo. Quando subi nesta igreja senti uma emoção muito forte. Quero vir todo ano. Oxalá, que já atende aos baianos, agora passa a atender também uma paulista, que se tornou devota”.



Um dos maiores exemplos do sincretismo religioso da Bahia, a Lavagem do Bonfim reúne elementos do catolicismo e do candomblé. Um grande cortejo de devotos percorre cerca de oito quilômetros, do Largo da Conceição até o Largo do Bonfim.
Nas escadarias da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, baianas vestidas com suas roupas típicas seguram vasos com água-de-cheiro para lavar as escadarias e também o adro do templo. Devotos e grupos de afoxé se vestem de branco em homenagem a Oxalá (candomblé) e cantam o hino para louvar o Senhor do Bonfim (catolicismo).

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