sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A MORTE É BELA

A MORTE É BELA Dia de Finados! É feriado nacional. As pessoas reservam um momento especial para visitar cemitérios, levar flores, acender velas e fazer preces por aqueles que nos precederam. O Dia de Finados não é um dia de tristeza, é, antes de tudo, um dia da verdade: o cemitério fala por si mesmo. Diz a todos: este é o destino dos mortais.

 NÓS MORREMOS a prestação. Morremos um pouco a cada dia. No aniversário, comemoramos um ano a mais. Na contabilidade correta, deveríamos contar um ano a menos. A cada ano, a cada dia, mais nos aproximamos do fim da viagem. Mas esta viagem não tem quilometragem certa, nem tempo certo de duração. Ela está sujeita a um acidente qualquer, em qualquer lugar. A morte é nossa caroneira e pode assumir o comando a qualquer momento
.
 MORRE-SE duas vezes na vida. A primeira morte acontece quando perdemos o entusiasmo, quando perdermos nosso ideal. Esta morte se manifesta quando olhamos apenas para trás, quando vivemos de recordações. A segunda morte é uma fatalidade biológica. A primeira depende de nós, a segunda, quase nunca.

 EM HOLLYWOOD apareceu uma novidade sobre a morte: por alguns milhares de dólares, é possível passar a eternidade perto do seu astro favorito. O Hollywood Memorial Park, construído em 1899 para ser o cemitério das celebridades, esteve à beira da falência. Para sair da dificuldade, foram oferecidos “lotes especiais” a quem se dispusesse pagar oito mil dólares para ficar sempre junto às celebridades.

 A PROPOSTA cristã é bem mais sedutora. Sem comprar sepultura nenhuma é possível passar a eternidade como hóspede do próprio Jesus. Ele garantiu: “Na casa de meu Pai há muitas moradas e Eu vou preparar-vos um lugar.” Este lugar não se adquire com dólares, nem por recomendação. É lugar que construímos agora, fazendo o bem a todos, para habitar depois.

 SOMOS um povo de ressuscitados e nossa Ressurreição vai tomando forma aos poucos. O cristão é feliz porque sabe que vai nascer para a Eternidade. É com a morte que começa a verdadeira vida. E Gabriel Marcel surpreende quando fala que a morte é bela quando a vida é bela. E santo Agostinho dizia que nosso coração está inquieto, enquanto não descansar em Deus! Não há como fugir da lição que o cemitério dá, mas há como transformar esta lição, em sinal de esperança e de vida eterna.

                                                                      + Itamar Vian

                                                               Arcebispo Metropolitano

                                                                  di.vianfs@ig.com.br

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