sexta-feira, 22 de maio de 2015

TERCEIRIZAR A FAMÍLIA



Empresas modernas  estão cheias de novas  nomenclaturas. Alguns nomes designam funções e  realidades já conhecidas.  Outras referem-se a novos métodos de gestão empresarial. Reengenharia é um destes termos. Quer significar que, muitas vezes, é preciso recomeçar tudo de outra maneira. Outro termo: terceirizar. Trata-se da iniciativa de contratar outra empresa para realizar funções anteriormente realizadas por seus empregados.


 PARECE agora, que estes termos chegaram à família e à educação. Não há dúvida nenhuma que a família de hoje sofreu uma reengenharia. Em vez da família tradicional – pai, mãe, filhos – surgem novos tipos de família. Por vezes é mãe sozinha com os filhos, outras vezes é o pai que fica sozinho ou uma mãe que não é deles.

 A TERCEIRIZAÇÃO é um fenômeno comum na família moderna. Terceiriza-se a paternidade, a maternidade e a educação dos filhos. É o motorista da perua que leva o filho ao colégio, a empregada que serve as refeições. A televisão e a internet assumem funções importantes nesta educação sem interferência dos pais. Até mesmo os sagrados nove meses que a criança fica dentro da mãe começam a ser ameaçados. Está ali a barriga de aluguel. Meninos e meninas também apelam para a terceirização: deixam o lar e escolhem viver na rua. De alguma maneira, na rua, sentem maior carinho e ternura.

 O LAR não é uma empresa qualquer. É possível fabricar parafusos, sem amor, mas não é possível educar sem amor. A faxineira pode fazer limpeza de uma maneira mais eficaz e rápida do que a mãe. A televisão e a internet têm recursos que nenhuma mãe possui. No entanto, educação de verdade se faz com amor. E amor exige tempo.

 É POSSÍVEL ficar pouco tempo em casa e tornar este tempo precioso. Um tempo de brincadeira, de canções de ninar, de diálogo, de confidências profundas. E só uma vez a criança terá dois, cinco, oito, onze anos. Quando estas ocasiões são perdidas, são perdidas para sempre.

 NÃO É POSSÍVEL exigir que as mulheres sejam apenas mães e os homens sejam apenas pais. Eles têm o direito da realização profissional. Mesmo assim, é bom lembrar que ser mãe ou ser pai, não é apenas ter um filho. É cuidar dele, amá-lo, partilhar com ele os caminhos de vida, viver com ele as dimensões da afetividade e da fé.

                                                             + Itamar Vian 
                                                      Arcebispo Metropolitano
                                                             di.vianfs@ig.com.br

Nenhum comentário: