sexta-feira, 31 de março de 2017

HGRS economiza R$ 350 mil com uso consciente de antibióticos


Mais de R$ 350 mil foram economizados no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador, com a redução do consumo de antibióticos no ano de 2016. O desempenho é resultado de um ano de trabalho da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da instituição, que implantou nas unidades de terapia intensiva (UTIs) um projeto de controle de bactérias multidrogaressistentes (MDR) – aquelas que resistem a todos os tipos de antibióticos – e também diminuiu os casos de infecções no hospital (na hemodiálise, por exemplo, a taxa de infecção caiu 30%).

 A economia, na análise do diretor-geral do Roberto Santos, José Admirço Lima Filho, é importante, principalmente se comparada a outros números destinados à saúde. “Para se ter ideia, uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento] que funciona 24 horas, com nove médicos, cinco diurnos e quatro noturnos, recebe do Ministério da Saúde o valor mensal de R$ 300. É claro que existem os outros custeios. Não há como esse tipo de unidade se manter apenas com o repasse federal, mas o que quero dizer é que nós deixamos de gastar R$ 350 mil só com antibióticos. Ou seja, nossa economia faria uma diferença enorme para a UPA”.

 Comuns em hospitais, as infecções por bactérias estafilococos resistentes demandam tratamento com basicamente três tipos de antibióticos. Ao intensificar a política de uso consciente dessas drogas, o HGRS deixou de gastar R$ 150 mil apenas com elas. Outros medicamentos com menor número de prescrições foram os utilizados para o tratamento de fungos, gerando economia de R$ 57 mil. Para tratamento de pés diabéticos, a economia de antibióticos foi em R$ 142 mil. Ao reduzir antibióticos, o HGRS diminuiu, em paralelo, a taxa de mortalidade na Emergência.

 "A eliminação do uso desnecessário de antibióticos diminuiu ainda os efeitos colaterais dos medicamentos nos pacientes, como insuficiência renal e diarreia”, enfatiza o infectologista Thiago Cavalcanti, coordenador da CCIH - HGRS. Segundo ele, o trabalho desenvolvido pela comissão contou com o apoio da farmácia e do serviço de higienização - “fizemos visitas diárias aos diversos setores para orientar médicos e oferecemos aulas para médicos residentes. Junto a isso, aconteceram reformas importantes nas UTIs”.

 Também da CCIH, a infectologista Verônica Rocha diz que, em hospitais públicos e privados, muitos pacientes recebem antibióticos por tempo prolongado além do necessário ou pode acontecer de o antibiótico escolhido não ser o mais adequado para aquela infecção. “A presença do infectologista em uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar ativa é essencial para corrigir os erros nas prescrições de antibióticos, permitindo melhor tratamento dos pacientes". Ela já iniciou, com a equipe, o cronograma de 2017. “A ideia é investir ainda mais em medidas de prevenção de infecções hospitalares, em conjunto com os projetos da direção do hospital”.

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