No mês que vem, as escolas receberão os resultados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA). Além dos resultados, as escolas terão acesso a uma contextualização, com dados de infraestrutura, corpo docente e nível socioeconômico, segundo explicou hoje (27) o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Chico Soares.
"A intenção é que as escolas deem mais a quem precisa. Se eu tenho uma escola com alunos difíceis, porque trazem menos de casa, tenho que ter uma escola menos complexa", diz ele.
A ANA foi aplicada pela primeira vez no ano passado. As provas avaliaram os conteúdos de leitura, escrita e matemática dos alunos no final do ciclo da alfabetização. No total, fizeram a avaliação 2,6 milhões de estudantes, de 55 mil escolas.
A avaliação deve servir também de marco zero para avaliar o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), que visa a alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade, e começou a ser aplicado em sala de aula no ano passado.
Para ajudar no aproveitamento dos dados pelas escolas e gestores, o desempenho será dividido em níveis e o Inep vai detalhar o que é necessário para chegar a cada um dos níveis. As escolas saberão a porcentagem dos estudantes de cada faixa. Além disso, terão acesso a dados de escolas na mesma região, mesma modalidade (campo/urbana) e nível socioeconômico dos alunos para comparação.
Perguntado se a divulgação será aplicada em outras avaliações como a Prova Brasil, tornando claro o que se espera dos estudantes a cada etapa de ensino, Soares disse que isso ainda está no plano das ideias.
A presidenta da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), secretária de Educação de São Bernardo do Campo (SP), Cleuza Repulho, espera que os dados não sirvam para ranquear as escolas. "Os dados devem vir não no sentido de ranquear a escola, mas de ter uma radiografia verdadeira da alfabetização", diz e acrescenta: "Acredito na avaliação desde que vá para o planejamento e não só para a porta da escola, para ranquear. Se for para isso não vale a pena, já sabemos os resultados".
Soares explica que os rankings são uma maneira de falar dos dados, mas não a única. "Todo mundo pode aprender sem prejudicar o outro. Podemos ter várias maneiras de sucesso. O ranking sugere que quem não é o primeiro não chegou lá. Isso não é verdade".
Outra avaliação, a Provinha Brasil - não obrigatória, aplicada a alunos do segundo ano do ensino fundamental - passará a ser divulgada. Atualmente, cada escola aplica o teste e o corrige. Agora, o Inep e os demais gestores terão acesso a esses dados. A previsão para a consolidação e disponibilização dos dados é até 14 outubro. Antes, os gestores deverão informar um responsável pela Provinha Brasil e cadastrar as informações no sistema. "Antes [a Provinha Brasil] era algo interno, agora passa a ser ferramenta de gestão e comparação", diz Soares.
Soares falou no 6º Fórum Nacional Extraordinário dos Dirigentes Municipais de Educação, que acontece até sexta-feira (30) e reúne mais de mil dirigentes municipais de educação. As informações são da Agência BRasil.
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